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A luta de uma mulher e mãe atípica

Como mãe atípica e neurodivergente, minha jornada nunca foi fácil, mas, ao longo dos anos, aprendi que o conhecimento é a chave para transformar os desafios em oportunidades. Tenho filhos em diferentes estágios da vida: na escola, na universidade e no mercado de trabalho. Cada um deles com seu próprio conjunto de desafios e conquistas. E, se há algo que aprendi durante essa caminhada, é que a luta pela inclusão e aceitação nunca acaba. Contudo, também percebi que, quando conseguimos disseminar o conhecimento, podemos mudar os ambientes e as realidades ao nosso redor. E, ao fazer isso, todos ganham.

Marília TeófiloMarília Teófilo
Leitura: 7 min
3/22/2025
A luta de uma mulher e mãe atípica

Como  conhecimento pode transformar ambientes

A luta começa na escola

Quando meu filho João, diagnosticado com TDAH, dislexia e disgrafia aos 8 anos, chegou à escola, o primeiro obstáculo foi a falta de compreensão sobre seu perfil. Ele sempre teve uma mente criativa, uma ótima comunicação e ideias brilhantes, mas as dificuldades com foco e organização, típicas do TDAH, faziam com que fosse visto como "problemático". A dislexia e a disgrafia impactaram muito o processo de alfabetização. Ele estava no 4º ano quando conseguiu escrever uma redação sem o uso de um aparelho tecnológico pela primeira vez. Sim, porque quando ele escrevia no papel, sentia dores nas mãos, e a letra se tornava ilegível. Foi difícil para ele encontrar um lugar onde suas habilidades fossem reconhecidas, e ainda mais difícil para mim, como mãe, entender como apoiar sua aprendizagem de maneira eficaz.

Ao longo dos anos, aprendi que o sistema educacional, muitas vezes, não está preparado para lidar com as diversas formas de aprender. A metodologia rígida, que exige que todos se adaptem ao mesmo modelo, não valoriza a diversidade cognitiva. E isso afeta profundamente as crianças neurodivergentes, que precisam de abordagens personalizadas e inclusivas para prosperar.

Essa resistência à tecnologia na escola torna tudo ainda mais desafiador. Crianças como meu filho João precisam desse recurso para passar pelo processo de aprendizagem de forma mais tranquila e eficaz. Com muito apoio emocional, metodologias adequadas e terapias, hoje ele está indo muito bem na escola, ainda no 6º ano. Mas cada dia é uma nova batalha, pois estou preparando-o para a vida e não para uma simples prova de vestibular. Afinal, me pergunto: ele é apaixonado por kart, sonha em ser piloto profissional e, aos sábados, acorda às 5h da manhã para treinar. Que faculdade ele vai fazer? Será que seus patrocinadores vão perguntar onde ele se formou?

A jornada na universidade

Meu filho André, está na faculdade, também lida com os desafios do TDAH, mas em um ambiente mais flexível e com maior compreensão. Ele teve que aprender a se adaptar, encontrar suas próprias estratégias de organização e foco, algo que nem sempre é ensinado na escola tradicional. Porém, mesmo na universidade, ele percebeu que a falta de apoio especializado ainda pode dificultar seu progresso.

Não foi fácil para ele navegar por um sistema que não é feito para indivíduos neurodivergentes. No entanto, com o tempo, ele se tornou mais consciente das suas necessidades e encontrou maneiras de trabalhar com suas dificuldades, em vez de contra elas. No fundo, ele sabe que sua diferença é também o que o torna único e capaz de pensar fora da caixa.

O ambiente universitário, por ser mais dinâmico e trazer conteúdos de interesse do estudante, faz toda a diferença. Lembro quando ele começou o primeiro semestre e me contou: "Mãe, na escola, uma aula de 50 minutos parecia uma eternidade, minha cabeça quase explodia e o tempo não passava. Agora, na faculdade, o professor está falando de assuntos interessantes como inovação e mercado financeiro, e eu nem vejo o tempo passar." Claro, quando há interesse, utilidade e significado para ele, o hiperfoco, uma característica comum em pessoas com TDAH, se torna um grande diferencial.

A luta no mercado de trabalho

Minha filha mais velha cursa Direito e já está no mercado de trabalho. Vejo os mesmos desafios sendo enfrentados, mas com um novo olhar. Melissa tem altas habilidades e uma rigidez cognitiva elevada, sendo muito perfeccionista e gostando de seguir as regras à risca, sintomas do espectro autista. Ela se encontrou no Direito e, quando entrou no estágio, se destacou entre os demais por sua alta capacidade de aprendizagem. Seu perfeccionismo, embora seja um desafio, também a torna uma profissional acima da média. Se for bem conduzida, ela transforma o que seria um ponto fraco em um ponto forte, estando no lugar certo.

A boa notícia é que há uma mudança acontecendo. As empresas estão começando a perceber que a diversidade não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas uma vantagem estratégica. Os neurodivergentes trazem perspectivas únicas que podem impulsionar a inovação e melhorar os resultados. No entanto, ainda há muito a ser feito para garantir que esses talentos sejam reconhecidos, apoiados e integrados de maneira adequada.

O que eu aprendi ao longo do caminho

A jornada de ser mãe atípica e neurodivergente me ensinou que a luta nunca acaba, mas ela também me mostrou que, quando temos o conhecimento e as ferramentas certas, podemos transformar os ambientes ao nosso redor.

Hoje, com o trabalho que desenvolvo, vejo como a mudança pode ser real. Compartilhar conhecimento sobre a neurodiversidade, especialmente nas escolas e no ambiente corporativo, é um dos maiores legados que podemos deixar. Ao educar pais, educadores e líderes de empresas sobre as necessidades e os pontos fortes das pessoas neurodivergentes, estamos criando espaços mais inclusivos e produtivos.

Como o conhecimento transforma tudo

Quando somos capazes de entender os desafios enfrentados por indivíduos com TDAH, autismo, dislexia, ou outras condições neurodivergentes, começamos a enxergar as oportunidades que esses perfis oferecem. Cada criança, cada jovem e cada adulto neurodivergente tem um conjunto único de habilidades que, se forem corretamente identificadas e valorizadas, podem se traduzir em inovação, criatividade e excelência no trabalho.

Isso não se trata apenas de acolhimento ou de boas intenções. Trata-se de oferecer as condições certas para que essas pessoas possam prosperar. Isso significa reconhecer e apoiar suas dificuldades, mas, mais importante ainda, aproveitar seus pontos fortes. O que parecia ser um obstáculo pode, na verdade, ser o que leva uma pessoa a se destacar, seja em um projeto inovador, em uma estratégia de vendas criativa ou em um desenvolvimento tecnológico.

Todos ganham quando a inclusão é real

O que eu aprendi é que, no fim das contas, todos ganham. As escolas ganham ao ter alunos mais engajados e motivados. As empresas ganham ao ter equipes mais criativas e inovadoras. E as pessoas neurodivergentes ganham ao poder expressar seus talentos e serem reconhecidas por suas habilidades e não por suas dificuldades.

Como mãe atípica e neurodivergente, vejo todos esses desafios como uma oportunidade para construir um futuro mais inclusivo, mais justo e mais produtivo para todos. E, ao compartilhar esse conhecimento, eu sei que posso ajudar a criar esse futuro. Não é apenas uma missão, é uma forma de transformar a sociedade, um passo de cada vez.

Vamos juntos transformar os ambientes ao nosso redor?

Para aqueles que estão em casa, na escola, na universidade ou no mercado de trabalho, o conhecimento é o que pode fazer a diferença. Se conseguirmos abrir os olhos para as potencialidades que a neurodiversidade traz, todos saímos ganhando. E, como mãe, posso dizer com convicção: não há nada mais poderoso do que ser parte dessa mudança.

Se você está pronto(a) para levar sua empresa, escola ou equipe a um novo nível de inclusão e aproveitamento do potencial humano, eu adoraria conversar com você! Seja para uma palestra inspiradora, um bate-papo sobre como aplicar estratégias de inclusão no seu ambiente de trabalho.

Entre em contato comigo e vamos explorar como podemos transformar seu espaço em um lugar onde todos se sintam valorizados e capazes de alcançar seu verdadeiro potencial.

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Marília Teófilo
sobre o autor:

Marília Teófilo | Mom Academy

Marilia Teofilo é mãe de cinco, Pedagoga, Pós-graduada em Neuropsicopedagogia; Educação Especial e Inclusiva e Transtorno do Espectro Autista: Inclusão social e escolar. Formação em Neuroeducação e Altas Habilidades/Superdotação. Fundadora da Eduqhub. Escritora com 25 livros publicados.

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