A internet está cheia de análises que apontam para os adolescentes trancados no quarto, viciados em celular e computador. Mas essa é uma explicação superficial, quase um álibi conveniente para tirar a responsabilidade dos pais. A verdade é que vivemos as consequências de uma geração criada sem referências sólidas, sem limites claros, sem valores que sustentem suas escolhas. São jovens sem maturidade para lidar com frustrações e conflitos. Se algo dá errado, as opções parecem extremas: ou se matam ou matam alguém.
O diálogo final entre os pais do assassino é um retrato da omissão coletiva. “Podíamos ter feito mais, mas fomos omissos. Mas fomos bons pais…”, dizem. A pergunta que fica é: o que é ser um bom pai? O que é ser uma boa mãe?
Na série, o adolescente acusado cresceu vendo um pai violento, que resolvia problemas quebrando as coisas. Em uma das cenas mais fortes, durante sua conversa com a psicóloga, ele deixa isso evidente. Era um garoto com transtornos, traumas, solidão e sofria bullying. Mas onde estavam os pais? Onde estavam as conversas? Onde estava a terapia?
Criar um filho não é apenas garantir que ele coma bem, durma na hora certa e tire boas notas. Educar vai muito além. A família está doente. E o reflexo disso são jovens emocionalmente quebrados, à beira do colapso. Enquanto eles agonizam na UTI, os pais estão na sala de espera, muitas vezes anestesiados pela rotina e pelo discurso de que “fizemos o nosso melhor”.
A escola cobra resultados, em casa a pressão não pára. E quem disse que a vida precisa ser essa corrida interminável? Quem decidiu que trabalhar 10, 12 horas por dia, deixar os filhos em período integral na escola, lotar a agenda de atividades e provas aos finais de semana é a fórmula para criar seres humanos saudáveis? Isso não é vida. E a culpa não é do celular.
O problema está na base. No que sustenta, no que dá segurança, no que guia, no que ensina os caminhos certos. No amor, no tempo de qualidade, nos limites bem estabelecidos.
Que essa série sirva como um alerta. Que mais pessoas despertem para essa realidade. E que possamos, como pais, mudar essa história.
Se há algo que pode nos aproximar dos nossos filhos e salvá-los de muitas armadilhas, é criar um vínculo verdadeiro. Ter um hobby juntos, praticar um esporte, incentivar amizades saudáveis. E, acima de tudo, garantir que nossos filhos estejam bem todos os dias, espiritualmente, emocionalmente e mentalmente.
Afinal, não basta sobreviver. É preciso viver com propósito e sentido.
Estamos juntas nessa missão!